Caminho Nascente
Alter do Chão < > Crato
Etapa 16
Aqui, na antiga Ucrate, tomada aos mouros no século XII, e doada à Ordem dos Cavaleiros Hospitalários de Malta logo de seguida, está omnipresente a Cruz de Malta, atestando a importância que a vila teve no período medieval do Grão-Priorado do Crato, o qual incorporava uma extensa região que se estendia no que é hoje já parte da região Centro de Portugal.
A vila do Crato foi conquistada por tropas portuguesas ainda no século XII, mas só a partir da doação à Ordem do Hospital, em 1232 é que arrancou o povoamento da localidade e região. O castelo deve ter sido construído entre aquela data e 1270, ano em que a vila recebeu foral por parte dos hospitalários.
A importância do Crato para a ordem determinou muitas mais obras na fortaleza, para albergar o priorado (constituído em 1340) e, pouco depois, a própria sede da ordem, estatuto de que disfrutou a partir de 1350. Na segunda metade do século XIV continuaram as obras, nomeando-se mesmo uma vala e uma barbacã.
No século XV, o castelo do Crato foi palco de um episódio marcante na guerra entre o regente D. Pedro e o seu sobrinho, futuro D. Afonso V: o prior da ordem do Hospital albergou a rainha viúva D. Leonorde Aragão, e o regente D. Pedro ordenou a destruição da fortaleza como represália. A relevância estratégica da vila determinou a adaptação do castelo a fortificação abaluartada, a partir de 1642, mas as obras não estavam ainda terminadas vinte anos depois, quando a vila foi cercada e arrasada por D. João de Áustria. Por essa razão, é muito pouco o que resta do castelo; além de ruínas de torres, uma cisterna, arcadas da casa do governador.
Na posse da Ordem do Hospital, a vila de Ucrate viu nascer a sua igreja matriz em meados do século XIII, como se depreende de uma inscrição que se encontra na nave do templo e que ostenta a data de 1287. O atual edifício resulta, todavia, de uma grande reforma realizada a partir de meados do século XV.
Nessa altura, o prior Frei Vasco de Ataíde ordenou a reedificação da igreja, que adquiriu então um corpo de três naves. Um século depois, foi a vez de o infante D. Luís patrocinar a construção de uma nova capela-mor, numa campanha que se terá prolongado pela fachada principal, como se testemunha pelo portal principal renascentista que integra o escudo da família Ataíde e Melo. No interior, salienta-se o abobadamento do corpo, efetuado em 1891, o teto de caixotões da capela-mor, com pinturas alusivas à Ordem do Hospital, e os azulejos azuis e brancos, com representações da Vida da Virgem, datados de meados do século XVIII.
Nesta vila, a estação ferroviária entrou em funcionamento em 1863, e era um ponto de paragem na ligação entre Abrantes e Elvas (hoje entre o Entroncamento e Badajoz). A linha do leste, como ficou conhecida, está há muito sob a ameaça de encerramento ao tráfego de passageiros.
e também…
Festival do Crato
Todos os anos, no final do mês de agosto, o Festival do Crato leva milhares de pessoas à histórica vila alentejana. Aos espetáculos musicais junta-se a Feira de Artesanato e Gastronomia, que configura mais um motivo para conhecer o que de melhor se faz nesta região.
Não queríamos perder a oportunidade de visitar uma das mais famosas coudelarias da Europa, a cerca de 4 km de Alter do Chão, pelo que aproveitamos a manhã para efeito. De regresso, saboreamos uma gulosa Fatia da China em pastelaria local e deixamos a romana “Abelterium” por uma azinhaga rural, ao longo de menos de um quilómetro, até o trilho desembocar na estrada nacional N245, sem bermas e com algum trânsito. Com muito cuidado, percorremos os cerca de 2 km de asfalto até ao nó de ligação à via rápida IC13 e atravessamos as rotundas tão rapidamente quanto possível.
Continuamos do outro lado, ainda na estrada mas mais tranquilos, quase sem trânsito, mesmo que com algum esforço devido à subida do morro de São Lourenço. Pelo caminho, os antigos “paralelos” de pedra negra que calcetavam as antigas estradas portuguesas substituem o asfalto e, ao longe, avistamos o nosso destino, o Crato. Começamos a descer e pouco à frente encontramos uma tabuleta a indicar um desvio para a esquerda, o caminho do Murtal, por onde seguimos ao longo da cerca. À esquerda, no topo da colina e junto a uma azinheira, desvendamos a localização da Anta do Crato, também conhecida localmente por Anta do Couto dos Andreiros, mas muitas outras poderíamos identificar nesta região rica em património megalítico.
Chegamos então a um bosque de eucaliptos que nos acompanha até à travessia a vau de uma ribeira (a de Linhais), mesmo ao lado da ponte ferroviária, cuja linha vamos depois seguir num trilho estreito até a atravessarmos. Pouco à frente, o Caminho entra em zona de sombra, ao longo da ribeira de Seda, e surpreende-nos com a medieval Ponte Velha do Prado.
Mais à frente, reencontramos a nossa conhecida N245 mas, ao invés de a seguir, infletimos para um trilho à esquerda, que nos leva até à ponte romana do Chocanal. Enfrentamos a valente subida, tendo como referência uma alta chaminé fabril, e voltamos à N245, mesmo ao largo das Portas de Seda do Crato.
Continuamos a subir, agora pela Rua de Santa Maria, passamos a igreja matriz e, antes de virar à esquerda, podemos ver as ruínas do antigo castelo à direita. Chegamos à Praça do Município e ao fim da etapa de hoje.
Dicas
Leve sempre água, mantimentos,protetor solar, chapéu, impermeável, calçado confortável e um mapa.
Apoio
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Saúde
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Farmácia
Pontos de Interesse
Museu Municipal: Museu instalado numa casa da época barroca, devidamente adaptado e restaurado, com a finalidade de dar a conhecer ao público em geral a história deste município desde os primórdios até meados do século XX.
Casa Museu Padre Belo: A Estação Ferroviária de Vale do Peso, originalmente denominada de Pezo, é uma interface ferroviária desactivada do Ramal de Cáceres, que servia a localidade de Vale do Peso, no distrito de Portalegre, em Portugal.
Estação de Caminhos de Ferro: A Estação Ferroviária de Vale do Peso, originalmente denominada de Pezo, é uma interface ferroviária desactivada do Ramal de Cáceres, que servia a localidade de Vale do Peso, no distrito de Portalegre, em Portugal.
Fonte da Bica – Vale do Peso: Fonte de água potável na Aldeia da Mata
Varanda do Grão-Prior: A estrutura da varanda, de planta rectangular, foi edificada num plano avançado em relação à fachada do palácio, estando dividida em dois pisos. O piso térreo abre para a praça através de três arcadas, assentes sobre colunas cilíndricas, sendo rematado lateralmente por contrafortes
Fonte Nova – Vale do Peso: Fonte de água potável
Ponte do Chocanal: Situa-se sobre a Ribeira da Chocanal, junto à Vila de Crato e é referida na Memórias Paroquiais de 1758 sendo vulgarmente designada como “ponte Romana”.
Mosteiro de Santa Maria de Flor da Rosa: O Mosteiro de Santa Maria de Flor da Rosa, também referido como Mosteiro da Ordem do Hospital de Flor da Rosa, localiza-se na freguesia de Flor da Rosa, concelho do Crato, distrito de Portalegre, em Portugal.
Igreja Paroquial – Vale do Peso: Paróquia da Ordem de Malta, nullius diocesis. Cura da apresentação do Grão-Prior do Crato. De 1789 a 1834 pertenceu à Casa do Infantado. Pertence actualmente à Diocese de Portalegre-Castelo Branco e ao Arciprestado do Crato.
Igreja Matriz do Crato ou Nossa Senhora da Conceição: A fachada da matriz do Crato compõe-se de um pórtico com um frontão encimado pela Cruz de Malta, sobrepujado por um janelão e um óculo lateral. É ladeada por uma torre sineira, avançada, rematada por um coruchéu.
Igreja Paroquial de Flor da Rosa: Fundado em 1356, o edifício possui altas paredes, ameadas, em granito aparelhado. Da traça original conserva algumas torres com portas e janelas ogivais, frestas em arco aguçado, impostas e colunelos.
Capela de N. Sra do Bom Sucesso: Dedicada a Nossa Senhora do Bom Sucesso, esta pequena capela situa-se na antiga Rua Direita do Crato, em frente ao edifício que funcionou como cadeia desta vila.
CONTACTOS ÚTEIS
Emergência: 112
Incêndios Florestais: 117
Bombeiros Voluntários do Crato: +351 245 990 030
GNR Crato: +351 245 996 275
CÓDIGO DE CONDUTA
Não saia do percurso marcado e sinalizado. Não se aproxime de precipícios. Preste atenção às marcações. Não deite lixo orgânico ou inorgânico durante o percurso, leve um saco para esse efeito. Se vir lixo, recolha-o, ajude-nos a manter os Caminhos limpos. Cuidado com o gado, não incomode os animais. Deixe a Natureza intacta. Não recolha plantas, animais ou rochas. Evite fazer ruído. Respeite a propriedade privada, feche portões e cancelas. Não faça lume e tenha cuidado com os cigarros. Não vandalize a sinalização dos Caminhos.