Caminho Nascente

Sousel < > Fronteira

Etapa 13

A caminho de Fronteira, vila alentejana cujos vestígios da ocupação humana remontam há mais de 10 mil anos, encontram-se outros vestígios, estes de um passado menos distante. Em 1384, estando a independência portuguesa ameaçada pelo cerco do rei de Castela e por uma invasão castelhana no Alentejo, Nuno Álvares Pereira, ao serviço do futuro rei D. João I, reuniu um exército de pouco mais de 1500 homens, 300 lanceiros e 100 besteiros. A batalha teve lugar no local pantanoso de Atoleiros, onde as tropas portuguesas adotaram a tática do quadrado e conseguiram, assim, suplantar um exército composto por três vezes mais soldados. A cavalaria castelhana, derrotada pelos lanceiros portugueses, começou a dispersar e a abandonar a batalha, saldando-se esta por uma vitória para o lado português, que preparou outras batalhas importantes nos meses seguintes. No local onde decorreu a batalha existe um memorial, inaugurado a 6 de abril de 1979.

À entrada da vila, a fonte de São João serviu viajantes e peregrinos desde, pelo menos, o século XVIII. A sua atual configuração data de duas campanhas separadas entre si por quase dois séculos. A primeira ocorreu no tempo barroco, altura em que se definiu o espaldar principal, com frontão interrompido e dinâmico e escudo de armas relevado. O tanque do lado direito, também provido de frontão, tem uma conceção mais simples, com espaldar liso e frontão menos proeminente. No século XX, o segmento principal da fonte foi enriquecido com azulejos de padrão e definiram-se as guardas em granito que separam o espaço da fonte da via alcatroada.

É possível que a vila de Fronteira tenha sido fundada em 1226 por D. Fernando Monteiro, mestre de Avis. Dados mais concretos apontam para uma intervenção régia de D. Dinis em 1290. Certo é que a localidade recebeu foral novo de D.Manuel I em 1512, datando dessa data a construção do pelourinho, elemento patrimonial que simbolizava a autonomia municipal.

O pelourinho está implantado num soco quadrangular de três degraus e é formado por fuste octogonal com capitel decorado Pelourinho de Fronteira com esferas e remate em pinha semiesférica. O pelourinho foi desmantelado em 1865, por ordem da Câmara Municipal, e os elementos ficaram à guarda de um privado. Só na década de 30 do século XX é que se remontou o pelourinho, de acordo com a descrição que dele havia no Livro do Tombo dos Bens do Concelho de Fronteira.

Pelourinho de Fronteira

Pelourinho de Fronteira

Em 1571, o rei D. Sebastião ordenou que a igreja matriz de Fronteira, implantada no pátio do castelo, fosse ampliada. O comendador de Fronteira optou, então, por construir um novo templo, tendo as obras sido iniciadas em 1576, comandando os trabalhos o mestre António Góis. A campanha foi bastante rápida e estava praticamente finalizada em 1594, tendo resultado um amplo edifício, de tipo igreja-salão, de fachada monumental flanqueada por duas torres de dupla sineira cada. O recheio artístico data genericamente do século xviii, como o retábulo-mor, em mármore branco e preto de Estremoz, ou a imagem de Nossa Senhora da Atalaia, orago principal da igreja.

Igreja e Hospital da Misericórdia

Igreja e Hospital da Misericórdia
A igreja e hospital da Misericórdia constituem um conjunto monumental particularmente harmonioso em Fronteira. A igreja foi concluída em 1583 e, desse período maneirista, data o portal principal, em rigorosa austeridade, e os cunhais almofadados da fachada principal. No século XVIII, o conjunto foi bastante enriquecido, sobretudo nos elementos devocionais. Construiu-se assim um novo retábulo-mor, de talha dourada, deu-se nova configuração ao remate da fachada, em perfil contracurvado já rococó, realizou-se a cenográfica pintura que envolve o arco triunfal, em tons de azul e branco a enquadrar a pintura do Calvário ao centro, e construiu-se a tribuna dos mesários, em mármore. O hospital adossa-se à igreja pelo lado norte.

e também…

Feira Medieval e Recriação Histórica da Batalha de Atoleiros

Em abril, Fronteira celebra o aniversário da Batalha de Atoleiros com uma feira medieval, em que recua até ao século XIX.

Festival de Balões de Ar Quente − Novembro

24 Horas TT – Vila de Fronteira

É uma das provas mais emblemáticas do circuito todo-o-terreno a nível nacional. Realiza-se anualmente, no final do mês de novembro, desde 1998. Uma prova de resistência, que assumiu o estatuto de grande festa do TT nacional, encerrando a temporada da modalidade.

Retomamos o Caminho para Fronteira, descendo a Rua Fonte do Rodrigo e, de seguida, entrando à esquerda para o bairro do Galvão. A terra é avermelhada, e na paisagem, sem surpresa, persistem as grandes extensões de montado, olival e campos cerealíferos.

Seguimos 7 km pela planície verdejante e, ao chegar à estrada de Santo Amaro, encontramos a vila de Fronteira à nossa esquerda. A linha ferroviária continua a fazer-nos companhia e, nesta etapa, pagamos-lhe tributo seguindo “sobre” ela na longa reta de 4,5 km que antecede a chegada a Fronteira, pelo campo onde se desenrolou a Batalha dos Atoleiros, em 1384, uma batalha realizada em defesa do território nacional contra os castelhanos. Diz-se também que a cavalaria castelhana sofreu perdas elevadas, contrariamente às forças portuguesas, entre as quais não terá ocorrido uma única morte, mesmo durante o combate feito corpo a corpo! Esta lenda foi muito importante devido ao grande peso da religião na Idade Média, e significa uma prova do apoio de Deus.

Já desviados da linha de comboio, atravessamos a estrada N243, continuando pelo caminho vicinal até encontrarmos a N245, que vai desembocar à Rua de São João.

Depois, na Rua da Lagoa dirigimo-nos até à igreja de Nossa Senhora da Atalaia, famosa pelos seus altares decorados com imagens de madeira representando Nossa Senhora da Atalaia, Santa Ana, São Miguel e Santo António. Somos também testemunhas da riqueza local, através do mármore rosa-aurora e preto, presente no retábulo-mor, valiosas rochas portuguesas, ainda hoje extraídas nas pedreiras da região de Estremoz.

Em frente, subimos a Rua de Santa Maria até à Câmara Municipal de Fronteira, onde encontraremos a indispensável informação para fazer o planeamento da nossa estadia. A não perder, a curta distância, está a praia fluvial da Ribeira Grande e o seu centro de ecoturismo e, no caminho, a igreja da Senhora da Vila Velha, num morro onde se acredita ter sido o berço da vila.

Dicas

Leve sempre água, mantimentos,protetor solar, chapéu, impermeável, calçado confortável e um mapa.

Onde Dormir

  Monte dos Aroeirais
+351 245 605 149

  Segredo D’ Alecrim
+351 926 796 161

  Residencial a Estalagem
+351 245 604 480

Apoio

 CTT

 Banco/ATM

 Frontaxis

 Supermercado

Entidades Municipais

 Câmara Municipal de Fronteira
+351 245 600 070

 Junta de Freguesia de Fronteira
+351 245 604 291

Saúde

 Centro de Saúde de Fronteira
+351 245 600 010

 Farmácia

Pontos de Interesse

 Centro de Interpretação da Batalha de Atoleiros: A Batalha dos Atoleiros representou um acontecimento decisivo para a História e para o futuro de Portugal. Nesta batalha, Nuno Álvares Pereira venceu a cavalaria castelhana, apesar da sua superioridade numérica, através da utilização de uma tática militar de inspiração inglesa, a “tática do quadrado”.

 Igreja de N. Sra. da Vila Velha: Arquitetonicamente, esta Igreja apresenta um alpendre com três arcos de volta perfeita, na frente, a poente e dois maiores dos lados.

 Igreja da Misericórdia: A igreja e hospital da Misericórdia constituem um conjunto monumental particularmente harmonioso em Fronteira. A igreja foi concluída em 1583 e, desse período maneirista, data o portal principal, em rigorosa austeridade, e os cunhais almofadados da fachada principal. 

 Igreja do Sr. dos Mártires: A igreja do Senhor do Mártir, ou Igreja dos Mártires, remonta ao primeiro quartel do século XVIII, atribuindo-se a iniciativa da sua construção ao padre Miguel dos Santos, de Cabedo

 Igreja Matriz de N. Sr. da Atalaia Fronteira: O interior divide-se em três naves abobadadas, evidenciando-se o altar-mor em mármore, os outros altares em talha barroca, o retábulo em mármore de Estremoz e as pinturas maneiristas de finais do século XVI.

 Ribeira Grande: Toda essa zona foi restaurada e adaptada à prática balnear. Pode fazer algumas atividades durante o dia, tais como canoagem, escalada, natação e rappel. Experimente um dos passeios pedestres que por ali se encontram, tendo variados trilhos consoante o nível de dificuldade. Um dos mais apetecidos é a Rota da Ribeira Grande, mas pode experimentar também a Rota da Serra das Penas.

 Atalaia de Malhada de Penas, Ribeira da Chaminé

CONTACTOS ÚTEIS

Emergência: 112
Incêndios Florestais: 117
Bombeiros Voluntários de Fronteira +351 245 604 500
Guarda Nacional Republicana +351 245 604 135

CÓDIGO DE CONDUTA

Não saia do percurso marcado e sinalizado. Não se aproxime de precipícios. Preste atenção às marcações. Não deite lixo orgânico ou inorgânico durante o percurso, leve um saco para esse efeito. Se vir lixo, recolha-o, ajude-nos a manter os Caminhos limpos. Cuidado com o gado, não incomode os animais. Deixe a Natureza intacta. Não recolha plantas, animais ou rochas. Evite fazer ruído. Respeite a propriedade privada, feche portões e cancelas. Não faça lume e tenha cuidado com os cigarros. Não vandalize a sinalização dos Caminhos.