Caminho Central

Grândola < > Alcácer do Sal

Etapa 10

Após atravessar o rio Sado por barca, os viajantes que chegavam a Alcácer do Sal deparavam com a estreita linha de terra entre o rio e o castelo. A relevância estratégica do rochedo de Alcácer levou a que a localidade tivesse sido entregue à Ordem de Santiago antes de 1172 e de novo em 1217, após a conquista definitiva pelas tropas portuguesas. Entre essa data e 1235, Alcácer do Sal transformou-se na sede dos santiaguistas em Portugal e, nos séculos seguintes, aqui esteve sediada a estrutura dirigente dos espatários portugueses.

Em Alcácer do Sal, muito do rico património está associado a esta presença como é o caso do convento dos freires de Santiago, conhecido como meysom d’alcaçar, que foi sendo construído e beneficiado na época medieval e depois totalmente remodelado a partir de 1573, ano em que a estrutura foi adaptada a outro convento, desta feita de Aracoeli. A casa espatária tinha dormitório, um paço para os cavaleiros, enfermaria, cartório, hospedaria, claustro e uma grande zona de silos, para além de numerosas áreas domésticas e de apoio. Havia também uma capela dedicada a Santiago, espaço religioso que servia também para as reuniões dos freires, que ainda existe integrada na pousada de Alcácer.

A mais monumental igreja de Alcácer do Sal, a Igreja de Santiago, foi mandada construir pelo rei D. João V, no auge do tempo barroco. No interior, impressiona o conjunto azulejar azul e branco que reveste as paredes da nave, datado das décadas de 20 e 30 do século XVIII e atribuído a António de Oliveira Bernardes. São 14 painéis que constituem o mais completo ciclo jacobeu em azulejo, nos quais se retrataram cenas da missão apostólica de Santiago na Península Ibérica. Nos anos 80 do século XVIII, as paredes da capela-mor receberam também painéis azulejares que ilustram três cenas da vida terrena e celeste dos frades da Ordem de Santiago: no primeiro painel, Cristo entrega o hábito espatário a um cavaleiro, o qual é representado com outros companheiros preparando–se para combater os infiéis.

Alcácer do Sal

Alcácer do Sal

O terceiro painel revela esse mesmo cavaleiro, já falecido, a ser recebido pela Santíssima Trindade. O retábulo-mor contém também uma representação de Santiago Matamouros, pintura do século XVIII atribuída a Pedro Alexandrino, na qual o apóstolo esmaga os inimigos, sob o olhar admirado de dois soldados cristãos.

Outra igreja, a de Nosso Senhor dos Mártires, revelou-se de grande importância para os freires de Santiago. Provavelmente construída no século XIII, nos tempos seguintes associaram-se várias capelas funerárias privadas. A mais antiga é a do tesouro, anexa à capela-mor, mas a mais monumental data da década de 30 do século XIV e é conhecida como Capela dos Mestres, por ter sido concebida para receber os enterramentos dos mestres da Ordem de Santiago. A mais recente data do século XV e é conhecida por capela de Maria de Resende. A igreja exibe ainda uma muito deteriorada pintura mural com a representação de Santiago Matamouros e do espaço atrás do santuário, zona campestre destinada ao cultivo de vinha, conhecida localmente por A Peregrina. A igreja foi objeto de importantes romarias, a ponto de dispor de casas para romeiros, que ainda existem do lado sul do templo.

Igreja Matriz de Alcácer do Sal

Igreja Matriz de Alcácer do Sal
Construída no século XIII, é a mais antiga igreja de Alcácer do Sal, estando os seus portais ainda conotados com a estética românica. A fachada principal conserva ainda uma insígnia da Ordem de Santiago, composta pela cruz espatária acompanhada por duas vieiras, a cabaça e o bordão, símbolos dos peregrinos jacobeus. No interior, conserva-se a imagem tardo-gótica do apóstolo, oferecida à capela de Santiago do paço dos freires de Santiago pelo mestre D. Jorge de Lencastre, depois de 1512.

e também…

Feira Nova de Outubro − Outubro

Festa do Sr. dos Mártires − Setembro

Festival Sabores do Sado

Em julho, Alcácer do Sal é palco de um festival que combina uma romaria e procissão no rio Sado, em honra de Nossa Senhora do Castelo, com a gastronomia. Petiscos marítimos, venda de camarão do rio e concertos e bailes na margem sul conquistam os visitantes.

Efetuaremos hoje a mais extensa etapa do Caminho Central no Alentejo e Ribatejo, de 33 km, mas os dias anteriores já nos prepararam para este desafio. Em qualquer caso, terá sempre a opção de interromper a viagem na aldeia de Vale de Guiso, percorridos 21 km desde Grândola. Aconselhamos, porém, a que telefone previamente para o estabelecimento Baracinha, único naquela aldeia que poderá dar o apoio de que necessitar, além de lhe garantir a curta travessia fluvial do rio Sado, indispensável para prosseguir o Caminho até Alcácer do Sal.

Saímos de Grândola descendo a longa Avenida Jorge Nunes até à estação ferroviária e, atravessando a linha, viramos para a esquerda no sentido da Aldeia do Futuro. Passamos a pequena aldeia e, com destino a Vale do Guiso, continuamos por longas retas em estradão que se torna cada vez mais arenoso. A paisagem, primeiro de um mosaico rural de pequenas quintas com culturas variadas, vai-se alterando para um montado típico de pastagens acompanhado por alguns bosques de pinhal.

Atravessamos uma primeira ribeira no local de um pequeno açude, antes de atravessarmos o viaduto sobre a autoestrada A2 ao fim de 5,5 km. A vegetação adensa-se com o acompanhamento por sucessivos ribeiros e o percurso torna-se menos monótono, mas, mesmo assim, não registamos motivos de maior relevância que valha a pena referir, com exceção da areia que nos dificulta a progressão. Entretemo-nos a observar as aves entre a vegetação ripícola até avistarmos a pequena aldeia de Vale do Guiso, onde somos recebidos pela isolada e grandiosa igreja da Nossa Senhora do Monte. Nesta igreja do século xvi, de estilo barroco, entramos para admirar as talhas, pinturas e a obra de azulejos azuis e brancos, retratando a vida de Nossa Senhora. Com espírito aventureiro, espantamos algumas cegonhas ao subir as escadas da torre sineira. Os olhos exploram a paisagem sobre a aldeia de Arêz e os famosos arrozais, que acompanham o rio Sado.

Baixamos até ao rio e almoçamos aqui mesmo ao lado, refletindo sobre a continuação até Alcácer do Sal ou estadia neste mesmo sítio do Guiso… Decididos a continuar Caminho, pedimos ao Sr. Baracinha que nos transporte na curta travessia do rio. Do outro lado da margem, entre os arrozais, serra e açude, seguimos 8,5 km até chegarmos às instalações da Herdade da Barrosinha. Nesta herdade produzem-se bons vinhos e azeites, e pelos seus terrenos encontramos javalis, galinholas e perdizes, que nos podem ser servidos no restaurante de que a herdade dispõe.

Saímos da Barrosinha para Alcácer do Sal ao longo da estrada nacional N5, passando por baixo do viaduto da autoestrada A2 e, pela Rua da Foz, continuamos pela marginal até ao Largo Luís de Camões, onde encontramos o quiosque no qual está instalado o Posto de Turismo local para nos ajudar no que necessitarmos para hoje. Aqui ao lado, marca presença a ponte metálica, sobre o Sado, cópia do estilo de Gustav Eiffel e que serve os habitantes de Alcácer desde 1945.

Dicas

Leve sempre água, mantimentos,protetor solar, chapéu, impermeável, calçado confortável e um mapa.

Onde Dormir

 Herdade das Barradas da Serra

 Hotel D. Jorge de Lencastre

Apoio

 Banco/ATM

  Supermercado

Entidades Municipais

 Câmara Municipal de Alcácer do Sal
+351 265 601 040

Saúde

 Centro de Saúde de Alcácer do Sal
+351 265 610 500

 Farmácia

Pontos de Interesse

 Igreja de Santo António e Capela 11 Mil Virgens: Um exterior modesto esconde um dos mais importantes exemplares da arquitetura renascentista em Portugal: a Capela das Onze Mil Virgens. Uma magnífica obra de mármore branco, onde a cúpula é coberta por um jaspe translúcido que deixa penetrar os raios de sol, fazendo-os desdobrar em jogos de cor na geometria das formas esculpidas. 

 Santuário do Senhor dos Mártires: Outra igreja, a de Nosso Senhor dos Mártires, revelou-se de grande importância para os freires de Santiago. Provavelmente construída no século xiii, nos tempos seguintes associaram-se várias capelas funerárias privadas. A mais antiga é a do tesouro, anexa à capela-mor, mas a mais monumental data da década de 30 do século xiv e é conhecida como Capela dos Mestres, por ter sido concebida para receber os enterramentos dos mestres da Ordem de Santiago.

 Igreja de Santiago: A mais monumental igreja de Alcácer do Sal, a Igreja de Santiago, foi mandada construir pelo rei D. João V, no auge do tempo barroco. No interior, impressiona o conjunto azulejar azul e branco que reveste as paredes da nave, datado das décadas de 20 e 30 do século xviii e atribuído a António de Oliveira Bernardes. São 14 painéis que constituem o mais completo ciclo jacobeu em azulejo, nos quais se retrataram cenas da missão apostólica de Santiago na Península Ibérica.

 Igreja de Santa Maria do Castelo: Construída no século XIII, é a mais antiga igreja de Alcácer do Sal, estando os seus portais ainda conotados com a estética românica. A fachada principal conserva ainda uma insígnia da Ordem de Santiago, composta pela cruz espatária acompanhada por duas vieiras, a cabaça e o bordão, símbolos dos peregrinos jacobeus. No interior, conserva-se a imagem tardo-gótica do apóstolo, oferecida à capela de Santiago do paço dos freires  de Santiago pelo mestre D. Jorge de Lencastre, depois de 1512.

 Convento e Igreja de Nossa Senhora de Aracoelli: Fundado no reinado de D. Sebastião (século XVI), o convento de Aracoelli instalou-se na fortaleza da Ordem de Santiago de Espada após a sua remodelação e foi utilizado durante mais de trezentos anos pelas clarissas da Ordem de Santa Clara, que aqui se encarregavam da educação de meninas e jovens, ensinando-as a ler, escrever e as versavam nas artes do canto e artes domésticas.

 Castelo de Alcácer do Sal: Com um papel determinante na vida da cidade, o seu nome deriva da palavra “Al-Kassr” que, em árabe, significa castelo. O espaço foi durante largos anos palco de lutas entre cristãos e muçulmanos e assistiu a momentos decisivos na história de Portugal. De construção muçulmana, é um dos poucos exemplares arquitetónicos em taipa que resistiram ao tempo e chegaram aos nossos dias.

CONTACTOS ÚTEIS

Emergência: 112
Incêndios Florestais: 117
Bombeiros Mistos de Grândola: +351 269 498 450
Guarda Nacional Republicana: +351 269 242 600

CÓDIGO DE CONDUTA

Não saia do percurso marcado e sinalizado. Não se aproxime de precipícios. Preste atenção às marcações. Não deite lixo orgânico ou inorgânico durante o percurso, leve um saco para esse efeito. Se vir lixo, recolha-o, ajude-nos a manter os Caminhos limpos. Cuidado com o gado, não incomode os animais. Deixe a Natureza intacta. Não recolha plantas, animais ou rochas. Evite fazer ruído. Respeite a propriedade privada, feche portões e cancelas. Não faça lume e tenha cuidado com os cigarros. Não vandalize a sinalização dos Caminhos.