Caminho Nascente

Mértola < > Amendoeira da Serra

Etapa 3

É grande a riqueza dos recursos faunísticos na Amendoeira da Serra, numa região onde a caça é a atividade dominante, como deresto em todo o concelho de Mértola, já com séculos de história, a qual é particularmente enfatizada no decorrer da Feira da Caça, em outubro.

Aqui, respiramos história e, no caminho para cá chegar, percorremos a Via Romana XXII, por entre a mata de pinheiros mansos que nos serve de companhia. A Via pertenceu ao Itinerarium Antonini Augusti, o registo de estações e estradas do Império Romano e, apesar de ter perdido progressivamente o respetivo traçado nas sucessivas reservas de caça privadas, de vez em quando ainda é possível descobrir alguns troços originais.

Igreja de Mosteiro

Ocupada desde a época romana, esta pequena localidade conserva uma das mais antigas igrejas do país, construída em época visigótica para albergar um mosteiro de tipo familiar. Preserva-se ainda o essencial do templo, com capela-mor abobadada e nave única. Em épocas mais recentes, o conjunto foi adaptado a funções residenciais e agrícolas, razão pela qual a sua transformação museológica privilegiou uma coleção de alfaias agrícolas resgatadas na localidade.

O Concelho de Mértola é um dos principais territórios de atividade venatória em Portugal e, certamente, entre todos por onde o Caminho passa, aquele em que a caça assume primazia a todos os níveis.

Sempre que tiver observado uma tabuleta com o sinal aqui reproduzido (independentemente do texto que nele estiver escrito), estará em zona de caça permitida, sendo que, no período compreendido entre início de outubro até final de dezembro (ou até final de fevereiro, em alguns casos), será frequente ouvir disparos ao longo do Caminho.

Este facto levou à necessidade de adaptar o traçado de forma a garantir a segurança dos viajantes em qualquer época do ano, obrigando a uma maior extensão de percurso em estrada do que aquela que seria desejável, pelo que sublinhamos a necessidade de não efetuar desvios ou outras incursões em terrenos de caça durante o período atrás referido.

O lince ibérico é o mamífero carnívoro mais ameaçado da Europa e o felino mais ameaçado do mundo, devido ao reduzido número de animais e populações que existem na natureza e à sua limitada área de distribuição. A reintrodução do lince ibérico em Portugal iniciou-se em 2015, e entre 2015 e 2017 foram libertados 27 animais no Vale do Guadiana no âmbito do projeto LIFE Iberlince, cuja meta é a recuperação da distribuição histórica da espécie. A coexistência harmoniosa entre atividades humanas e a viabilidade deste felino selvagem no Parque Natural do Vale do Guadiana não tem sido fácil, sendo amiúde relatados casos de mortes por atropelamento e outras causas. Conhecer e respeitar o lince ibérico e o seu habitat é, desde logo, um imperativo de cidadania ambiental e um importante contributo para a sua conservação e recuperação da espécie.

Centro de Interpretação da Paisagem de Amendoeira da Serra

Implantado num território sensível em termos ambientais, o centro tem informação sobre a flora e fauna autóctones, bem como sobre o aproveitamento humano do rio Guadiana e a ocupação humana no vasto espaço, hoje quase desértico, entre Mértola e Beja.

e também…

Festival Etnobotânico Pulo do Lobo − Maio

Ermida de Salvador, atual núcleo museológico do Mosteiro

A caminho do Pulo do Lobo, perto da Amendoeira da Serra, localiza-se a pequena localidade de Mosteiro, onde, numa das extremidades, ligeiramente afastado, existe um edifício que pelas suas caraterísticas arquitetónicas, é identificável com um pequeno edifício de culto. Em tempos remotos este local foi uma villa ou mansio, tendo, posteriormente, com a adoção do cristianismo como religião oficial, sido adaptada a monasterium de tipo familiar. A ermida de S. Salvador será provavelmente uma construção do século XVII d.C. e já no século XIX se encontrava devoluta.

A importância da preservação deste edifício e a sua valorização levaram ao desenvolvimento de um projeto de recuperação e valorização que culminou, em 2012, com a sua musealização e integração no Museu de Mértola. A adaptação a núcleo museológico integra um conjunto de conteúdos e soluções expositivas que permitem ao visitante a total compreensão do sítio. Por outro lado, através da exposição de alfaias agrícolas, oferta de habitantes locais, é também possível aproximar as gentes, criando laços identitários e promovendo a preservação da memória coletiva.

O início da etapa está sinalizado no centro da vila mas, na verdade, poderá sair de qualquer local desde que se dirija à grande rotunda norte, que distribui o trânsito pelas estradas nacionais para Beja e Serpa.

Passamos pela rotunda, com a escultura simbolizando uma porta de entrada no Parque Natural do Vale do Guadiana. Tomamos a direção da Azenha do Guadiana – que não deverá deixar de visitar – e, no final da rua, entramos no caminho de terra batida. De regresso à estrada (primeiro à IC27), depois de uma bifurcação, uma estrada secundária leva–nos até Corte Gafo de Cima, num percurso de quase 10 km pela berma do asfalto. Mas não desanime! Pela estrada secundária seguimos entre colinas ondulantes, em área protegida do Parque Natural do Vale do Guadiana, onde ainda se tenta conservar o quase extinto lince ibérico. Afastam-se os barulhos urbanos e predominam os sons da natureza e da ruralidade. É impossível não reparar na substituição da paisagem ripícola pela das grandes estepes cerealíferas. Na primavera, não somos os únicos a ser atraídos pelo doce cheiro dos coloridos rosmaninhos e estevas. Entre azinheiras, sobreiros e muitos rebanhos de ovelhas, descobrimos outro produto de ouro da região, o mel.

Continuamos em direção a Corte Gafo de Cima, típica aldeia mourisca do Baixo Alentejo, em que a maioria das casas ainda está construída em taipa, como o atesta o memorial logo à entrada da aldeia. À esquerda reparamos na capela de São Bento, do século XVI. A pedido dos habitantes, a Ordem de Santiago autorizou a construção desta humilde capela para evitar a extensa deslocação até Mértola. Antes de partir, aqueça-se com um copo de hidromel e prove a doçaria local, os deliciosos costas ou nogados. Depois de Corte de Gafe de Cima, seguimos com destino a Mosteiro. A paisagem “absorve-nos”, simultaneamente inóspita e bela, e desperta um misto de emoções que pendulam entre o fascínio e a ansiedade… De tão irrelevantes que nos sentimos, só apetece desligar…

Prosseguimos ao sabor de um “mar” de colinas de campos contínuos, pintalgados de magníficas azinheiras, passando por escassos “montes” em sítios ermos, até à pacata aldeia de Mosteiro, onde encontramos uma das mais antigas igrejas de Portugal, construída na época Visigótica. Bebemos um café na pequena taberna do Centro Recreativo e descemos até à estrada asfaltada, onde retomamos o Caminho em direcção a Amendoeira da Serra. Após 2,5 km chegamos ao cruzamento com a estrada que nos levou a Corte Gafo de Cima e que aqui termina. A Dona Maria Oriette está já à nossa espera no café-restaurante do Centro Recreativo e Cultural de Amendoeira da Serra e temos cama reservada no Centro de Acolhimento.

Dicas

Leve sempre água, mantimentos,protetor solar, chapéu, impermeável, calçado confortável e um mapa.

Apoio

 Táxis

 Café/Restaurante Centro Recreativo e Cultural de Amendoeira da Serra

 Café Centro Recreativo e Cultural de Mosteiro
+351 286 998 247

Onde Dormir

 Centro de Acolhimento da Amendoeira da Serra
+351 286 610 000

 Monte do Vento
+351 286 610 000

Entidades Municipais

 Câmara Municipal de Mértola
+351 286 610 109

Saúde

 Centro de Saúde de Mértola
+351 286 610 900

 Farmácia

Pontos de Interesse

 Ermida de Salvador, atual núcleo museológico do Mosteiro
+351 286 610 109

CONTACTOS ÚTEIS

Emergência: 112
Incêndios Florestais: 117
Bombeiros Voluntários de Mértola: +351 286 610 010
Guarda Nacional Republicana: +351 286 612 127
Proteção Civil de Mértola: +351 286 610 100

CÓDIGO DE CONDUTA

Não saia do percurso marcado e sinalizado. Não se aproxime de precipícios. Preste atenção às marcações. Não deite lixo orgânico ou inorgânico durante o percurso, leve um saco para esse efeito. Se vir lixo, recolha-o, ajude-nos a manter os Caminhos limpos. Cuidado com o gado, não incomode os animais. Deixe a Natureza intacta. Não recolha plantas, animais ou rochas. Evite fazer ruído. Respeite a propriedade privada, feche portões e cancelas. Não faça lume e tenha cuidado com os cigarros. Não vandalize a sinalização dos Caminhos.