Caminho Nascente

Alpalhão < > Nisa

Etapa 18

A herdade da Açafa, onde viria a nascer Nisa, foi doada à Ordem do Templo por D. Sancho I. Por volta de 1290, D. Dinis ordenou que a vila de Nisa fosse refundada no vale do Azambujal, alguns quilómetros a sul de Nisa-Velha. Data, assim, de finais do século XIII a construção da cerca defensiva da vila. As obras foram dirigidas por Lourenço Martins, mestre da Ordem do Templo, que ergueu uma cerca tendencialmente quadrangular, reforçada por torres. Este sistema defensivo foi objeto de várias campanhas renovadoras em 1343, 1512 e 1646. Nesta última data, no contexto de guerra com Espanha, ergueu-se uma segunda linha de muralhas que abrangeu o arrabalde da vila, criando assim os dois rossios (de dentro e de fora), que ainda hoje caracterizam o urbanismo de Nisa. Ainda se conserva parte da Porta de Santiago, que era de arco apontado e flanqueada por duas torres quadrangulares, e o culto ao apóstolo mantém-se no topónimo Rua de Santiago, do lado norte da vila.

Nisa dispôs de uma albergaria para viajantes, doentes e peregrinos desde 1218, fundada pelo mestre da Ordem do Templo D. Pedro Alvitis. Após a extinção dos templários, a albergaria foi gerida por uma confraria local até ser integrada no património da Misericórdia. Esta foi fundada em 1520 e passou a gerir todos os bens daquela albergaria medieval. A igreja data de inícios do século xvi, segundo um modelo simples e sobretudo funcional. O portal principal foge a esta regra, por ser bastante decorado e por se integrar no formulário renascentista: inscrito em alfiz, ladeado por colunas, possui motivos italianizantes, chamados “grotescos”, constituindo um dos mais emblemáticos portais da vila. O espaço interior da igreja é relativamente pequeno e compõe-se de nave e capela-mor. As paredes laterais integram tribunas para os irmãos da Misericórdia, varandins de madeira que permitiam aos mesários assistir comodamente aos ofícios religiosos. A capela-mor foi bastante enriquecida em 1791, apresentando por isso um património artístico de gosto rococó, sobretudo o seu retábulo-mor, de madeira branca e policromada, com tribuna central.

Capela de Santo António

Capela de Santo António
À entrada da vila de Nisa, a capela de Santo António foi construída no século XV, mas foi objeto de muitas alterações ao longo dos séculos. Preserva o nártex quadrangular, acessível por arco apontado, no qual se acolhiam viajantes de toda a espécie. No interior, preserva-se também de época gótica a abóbada nervurada, cujo fecho ostenta a cruz da Ordem de Malta. O acesso ao templo propriamente dito data do século XVII, tal como algum recheio artístico. Em 1892, o adro foi arborizado, e em 1908 substituiu-se o pavimento da capela. O adro da igreja conheceu muitas festividades, sobretudo no dia 13 de junho, dia de Santo António, mas também em setembro, altura em que se celebravam as cavalhadas, romaria ruidosa feita a cavalo, promovida pelos almocreves, e que terminava em grande banquete.

e também…

Feira de Janeiro − Janeiro

Nisa em Festa − Agosto

Olaria de Nisa

Dispostas no Museu do Bordado e do Barro, as olarias de Nisa são ainda mantidas pelas mãos de três artesãos. Hoje podemos apreciar vasos decorados com desenhos em pedras incrustadas, que tinham como função conservar a água fresca e capaz de ser transportada pelas casas.

Olaria de Nisa

Olaria de Nisa

Iniciamos o caminho no largo do Adro, com a igreja matriz em posição de destaque e a escultura do “Dedo de Deus” a indicar o Caminho. Seguimos pelo empedrado da Rua de Santo António e, no próximo cruzamento, junto à bica de água, atravessamos a rua e continuamos pela outra à direita. No final, viramos à esquerda e começamos o caminho de terra batida da direita, já na saída de Alpalhão.

Caminhamos por uma planície formada há quase 300 milhões de anos. Aqui, reina o célebre granito biotítico da região, o Azul de Alpalhão, aplicado nas fachadas de edifícios e em monumentos funerários, que podemos ver em algumas pedreiras próximas.

Andamos vários quilómetros acompanhados de perto pela ribeira de Figueiró. Muitos povos deixaram vestígios por este território, desde os menires, antas e túmulos neolíticos até às importantes vias árabes e romanas. Sem outra alternativa mais segura, entramos depois na estrada nacional N18 e, após 1,6 km, desviamos para a esquerda, por um agradável caminho rural que segue pelo meio de campos de azinheiras e oliveiras. Com Nisa às portas, cruzamo-nos uma vez mais com a ribeira de Figueiró, com passagem pelas antigas poldras graníticas, imediatamente antes de chegar à capela de Santo António. Entramos em Nisa pelo largo da Fonte da Cruz, com um antigo cruzeiro que lhe dá o nome, e seguimos as indicações até à ampla praça onde se situa o posto de turismo.

Com o apetite bem aberto exploramos a vila, e aqui é obrigatório saborear dois produtos sobre um bom pão alentejano: o Queijo Mestiço de Tolosa e o Queijo de Nisa! Este último, proveniente das ovelhas de raça Merina Branca, é ainda fabricado artesanalmente. Para acompanhar, almoçamos uma deliciosa Sopa de Cachola ou o tradicional Feijão das Festas.

Em julho, podemos assistir a uma atuação do Rancho Folclórico das Saias Bordadas da Falagueira, com vestuário colorido e rico embordados que são uma arte em vias de extinção. Visitamos também as ruínas do castelo, de que fazem parte os panos da torre, porta e torre de menagem, construídos pelos cavaleiros templários no século XIII. E de Vasco da Gama, o célebre descobridor do Caminho Marítimo para a Índia, diz-se que aqui viveu…

Dicas

Leve sempre água, mantimentos,protetor solar, chapéu, impermeável, calçado confortável e um mapa.

Apoio

 Banco/ATM

 CTT

 Paróquia de Nisa

 Posto de Turismo
+351 245 997 341

 Supermercado

Entidades Municipais

 Câmara Municipal de Nisa
+351 245 410 000

Saúde

 Centro de Saúde
+351 245 410 160

 Farmácia

Pontos de Interesse

 Igreja da Misericórdia: É um edifício do século XVI, de frontaria estreita, com portal do tipo do Renascimento, cujas pilastras caneladas, com bases e capiteis, suportam um arco de volta redonda com ressaltes, verga com cornija saliente e dois remates laterias em forma de pira;

 Igreja do Espírito Santo: A igreja do Espírito Santo, perto da Praça da República, é uma construção do séc. XVI com altar-mor em talha dourada dos finais do séc. XVII.

 Porta de Montalvão: A porta tem sofrido várias modificações. tem arco apontado assente sobre impostas quadradas, e é flanqueada por duas meias-torres, de planta rectangular, com ameias.

 Porta da Vila: Porta medieval em arco de volta redonda, sustentada por duas torres salientes, com vários escudos. Ainda podem ver-se os buracos da tranca. Uma das torres está anexa à do relógio e o acesso a qualquer uma das torres faz-se por escadaria de pedra.

 Ribeira de Figueiró: Ribeira de Figueiró é um córrego e tem uma altitude de 51 metros.

 Vereda da Sardinheira

 Igreja de S. António

 Igreja Matriz

 Capela do Mártir Santo

 Rua de S. Tiago

 Ruínas da Igreja de S. Tiago

CONTACTOS ÚTEIS

Emergência: 112
Incêndios Florestais: 117
Bombeiros de Nisa: +351 245 412 303
GNR: +351 245 410 116

CÓDIGO DE CONDUTA

Não saia do percurso marcado e sinalizado. Não se aproxime de precipícios. Preste atenção às marcações. Não deite lixo orgânico ou inorgânico durante o percurso, leve um saco para esse efeito. Se vir lixo, recolha-o, ajude-nos a manter os Caminhos limpos. Cuidado com o gado, não incomode os animais. Deixe a Natureza intacta. Não recolha plantas, animais ou rochas. Evite fazer ruído. Respeite a propriedade privada, feche portões e cancelas. Não faça lume e tenha cuidado com os cigarros. Não vandalize a sinalização dos Caminhos.